Lenda
“As Campas”
Todos
nós conhecemos o velho e gasto refrão: “Filho és, pai serás, como fizeres assim
acharás”.
Acontece
que, em Cavez, existe um monte denominado “As Campas”. Segundo o que circula de
boca em boca, aí eram enterradas as pessoas, para onde eram levadas ainda em
vida.
Ora, um
dia, quando um filho transportava seu pai, embrulhado numa manta, este repetia,
continuamente, em cima de um carro de bois:
-Filho
és, pai serás, como fizeres assim acharás.
O filho
ouvia-o em silêncio, intrigado.
Chegados
ao local de “As Campas”, o filho perguntou:
-Pai,
quer ficar aqui ou mais adiante?
-Onde
queiras. Já agora, aproveita metade da minha manta, pois um dia, também te vai
fazer falta.
-Falta
para quê?- Interrogou o filho preocupado.
-Ora
porque haveria de ser? Para quando chegar a tua vez de vires para este lugar…
-Então eu também venho para cá? -Interrogou o filho, assustado.
-Certamente que sim. - Respondeu o pai.
-Não,
meu pai. Venha daí embora. A partir de hoje, ninguém mais virá para aqui. -
Atalhou o filho.
Desde então, as pessoas de Cavez começaram a
sepultar os seus mortos no interior da igreja. Mais tarde seria o adro o abrigo
dos defuntos. Finalmente, mas só longos anos depois, seria construído o
cemitério, a fim de servir de última morada àqueles que partiram para a
eternidade.
Apesar
de esta velha “história da manta” ser de todos conhecida, ela faz, efetivamente,
parte da tradição popular oral de Cavez, a propósito do referido monte de “As
Campas”.
Retirado do livro: “Família, criança e escola”
César, n.º 7 - 7.ºA
(E.B./S. de Cabeceiras de Basto)